sábado, 31 de março de 2012

Earth Hour Is Tonight!‏

 Earth Hour Is Tonight!‏ Ou pelo menos foi o que a Internet me contou. Se não fosse ela, juro que não saberia.
 Só posso dizer como acho incrível e inacreditável a diferença de realidades... Num canto do mundo pessoas ricas são incentivadas a desligarem a luz durante uma hora para reduzir as emissões, poupar recursos e para transmitir uma mensagem de consciência global ambiental. No outro canto do mundo pessoas pobres passam todas as noites às escuras e os candeeiros de petróleo são a única luz que se vê debaixo da Lua e das estrelas. Este é o canto onde crianças percorrem todos os dias vários quilómetros debaixo da escuridão total só para regressarem a casa depois de um dia de escola. 

Candeeiro de petróleo feito a partir de uma lata de Sumol. 

Há pelo menos uma coisa que é igual aqui e em qualquer outro lado do mundo. Jantar à luz das velas é sempre mais romântico ;)

sexta-feira, 30 de março de 2012

Peripécias em Ponta Furada


 Um dos trabalhinhos do projecto envolve estimar abundância de frutos e foi isso que fomos fazer debaixo de um céu opaco e negro que nos ameaçava esmagar a qualquer momento. Como foi um dia interessante, deixo aqui os pontos altos:

 Ia eu a conduzir e a contar teatralmente o terceiro capitulo do meu livro (falo dele noutra altura) quando uma rocha caiu da encosta e esmagou-se mesmo à frente do carro! Travei de repente, não a consegui evitar e amassei a parte debaixo... ai se estivesse 5m à frente quando a pedra caiu... Claro que depois saímos do carro para a rebolar para fora da estrada caminho porque tinha caído numa curva e o pessoal aqui vai sempre lançado.

 Nas redondezas da entrada para Santa Jenny vi que estavam lá sentadas as pessoas que entrevistámos há bem pouco tempo (outra componente do projecto) por isso todos esticámos os braços de fora das janelas e atirámos-lhes cumprimentos e sorrisos de volta. Como eles continuaram a acenar, parámos para dar boleia ao Tchuco, ao Admin, e ao Cotacadela. A coisa irónica disto tudo foi que da última vez que estivemos em Santa Jenny, o Admin e o seu padrasto Cotacadela tiveram uma desavença que acabou em machin! (machin é uma catana) Felizmente que não houve feridos graves mas agora tudo estava belo e amarelo e ninguém adivinharia a gritaria que se havia passado naquela noite! Eu certamente que não!


 Chegámos a Ponta Furada e passámos por baixo das majestosas figueiras que teríamos que contar. Havia uma árvore em particular que estava a produzir tanto figo que ele estava por todo o lado, pequenas bolas vermelhas decorando o caminho, boiando na vala de escoamento de água, perfumando o ar em redor.
 Como da ultima vez tínhamos comentado que ninguém em STP comia Figo Porco, eu decidi experimentar um mas o Nity depressa acrescentou que em vez de apanhar um do chão, mais valia esperar que um caísse... e não é que segundos depois de ele acabar a frase, caiu-me um figo porco mesmo à frente! Toca de ir lavar o gajinho na vala e dar uma trincadela para ver como era! 
 O figo nem é mau de todo, embora não seja especialmente doce, mas o chato foi ver imensas vespas minúsculas a fugirem pelo buraco da dentada por isso imagino que quando sorri de volta para eles devia estar bem jeitoso! As vespas que saíram são obviamente os polinizadores das inflorescências que os figos são por isso já devia estar à espera, mas enfim!

Regressámos à cidade para uma cervejita e um doce de coco e todo aquele céu preto decidiu que já estava na hora de brincar com os mortais cá de baixo. As pessoas no mercado gritavam, tudo a levantar as tralhas que estavam à porta, pessoas confusas de um lado para o outro, já completamente encharcadas e sem saberem se valia a pena continuar a correr, a água suja a cumular-se nos cantos, os carros a traçar as estradas lentamente como se fossem barcos enviando ondas castanhas para cima dos passeios, e nós ali a relaxar... até que também tivemos que sair e levar com ela. Certamente que não somos mais que os outros.

quinta-feira, 29 de março de 2012

A chuva que lava o espírito

Como está a chover furiosamente e o calendário diz que eu vou para Ponta Furada estimar abundância de frutos (um trabalhinho que envolve estar parado, e olhar para cima, e escrever os resultados numa folha de papel extremamente precária), aproveito para falar um pouco das tempestades por estas paragens.

 A chuva não apanha ninguém de surpresa. O céu fica cinzento... sim, mas não é aquele cinzento conhecido, ah e tal, "será que vai chover?", não não... é mais um cinzento-escuro-oh-meu-deus-isto-vai-tudo-cairmencima!
 Começa assim, subtilmente, convidando qualquer ser vivo a voltar para a toca, e depois para quem não recebeu/percebeu a mensagem porque estava demasiado atarefado com a cabeça baixa nos seus afazeres terrenos, os Céus mandam um novo sinal.
 Um vento súbito e frio que estremece todas as árvores, abana as folhas e dobra as chapas nos telhados. Está para breve. É melhor já estares dentro de casa... E se estiveres, as portadas das janelas já estão a bater, as folhas da mesa já estão todas no chão, é melhor acenderes a luz porque subitamente ficou noite, mas na verdade o mais provável é que também isso não valha a pena porque já cortaram a luz... olhas apreensivo pela janela, um trovão rasga os céus, toda a casa é encandeada, as paredes estremecem e os cães ladram!

 Recomendo vivamente "tomar" uma grande tempestade de vez em quando. Os efeitos incluem e não estão limitados a:
  1. Humildade há muito perdida.
  2. Ligação com a Natureza.
  3. Fortalecimento dos laços com os ratinhos que estão abrigados no mesmo buraco que tu.
Combinei com os assistentes de campo do projecto, Nity e Gabriel, estarem cá às 7h00 para irmos para Ponta Furada. Ainda está a chover furiosamente... eles não chegaram...vamos lá ver!

terça-feira, 27 de março de 2012

A primeira página



Ai ai, o primeiro post de um blog... a pressão... as expectativas… (minhas!)

Bem, para um bom começo, porque não uma curta explicação sobre o nome que lhe dei?

Apenas - Ao acrescentar esta palavrinha mágica no início atenuo (ligeiramente) o egocentrismo do que pretendo transmitir ao mesmo tempo que destruo qualquer expectativa infundada de o blog poder, um dia, vir a ser algo mais.
a minha história –  Se é a “minha história” então parece que serei a personagem principal e quem começar a ler isto já perdeu o início do filme mas não se preocupem porque pretendo ir dando uns palpites do que se passou para trás. Como qualquer boa história, há um passado e um futuro ainda por descobrir. Mas então o que é que eu pretendo oferecer com este blog?


Resumidamente, espero que seja um meio livre usado para partilhar situações cómicas, sentimentos íntimos e pensamentos sinceros que no seu conjunto compõem a história da minha vida. Espero que gostem.

[Nota: Visto que o nome do blog entretanto mudou, este post já não faz muito sentido mas como é o primeiro não queria estar a eliminá-lo.]